Cavaleiros Templários – Cavaleiros de Cristo

Cavaleiros Templários – Cavaleiros de Cristo

Os Cavaleiros Templários são indissociáveis da história do mundo e de Portugal e é comum ser expresso que a maçonaria tem ligações a estes e que a origem desta obediência terá estado em tal Ordem.

Quem foram os Templários? Quais foram os seus propósitos? Quem foi Jacques DeMolay? Qual a influência que os Templários tiveram no mundo e em Portugal? Se os Templários foram extintos em 1312 como é possível que a maçonaria esteja associada aos mesmos, se esta obediência foi fundada em 1717? Estas são algumas das questões que se colocam e que se procurará responder.

 

Templários (Qual a sua origem, quem são?)

A Ordem dos Pobres Cavaleiros de Cristo e do Templo de Salomão, conhecida como Cavaleiros Templários, Ordem do Templo ou simplesmente como Templários, foi uma ordem militar cristã de cavalaria, com uma ascensão de poder assinalável, justificada pela sua disciplina militar e organização logística.

Os Templários foram fundados em 1118 por nove cavaleiros oriundos da França e da Borgonha, que se constituíram em irmandade, no rescaldo da tomada de Jerusalém por exércitos de Cruzada à Palestina (1096), com o objectivo de proteger os cristãos em peregrinação nos caminhos entre o porto de Acre e Jerusalém, mais precisamente no caminho de Jafa a Cesareia, de ladrões e, já na Terra Santa, dos ataques que os muçulmanos faziam aos reinos cristãos que as Cruzadas haviam fundado no Oriente.

Tendo existido por cerca de dois séculos, com o tempo, a sua missão alterou-se e, de defensores de peregrinos, passaram a defensores dos estados cristãos da Terra Santa. Os cavaleiros fundadores da irmandade, dirigidos por Hugo Payens, sob votos de pobreza, castidade e obediência, juravam manter segredo absoluto de tudo quanto viam e ouviam, usavam mantos brancos com uma cruz vermelha e eram representados com o símbolo de um cavalo montado por dois cavaleiros, o que expressava o sentimento de irmandade e humildade da Ordem.

Os Templários inicialmente instalaram-se na igreja do Santo Sepulcro cedida pelos Cónegos Regrantes de Santo Agostinho. Mais tarde foram para o terraço de Herodes, no antigo templo de Jerusalém, que o rei franco Balduíno II lhes deu (onde existira o Templo de Salomão e onde se ergue a actual Mesquita de Al-Aqsa).

Em 1128, a Ordem dos Templários contava com milhares de adeptos e com um número considerável de elementos, tendo sido reconhecida pelo papa Honório II, concílio de Troyes, como ordem monástico-militar com o nome de Milícia dos Pobres Cavaleiros de Cristo.

A admissão de candidatos à Ordem dos Templários estava sujeita a regras rígidas. Apenas eram admitidos cristãos, os quais deveriam conhecer a obediência e respectivas regras mesmo antes da admissão, ficando estes sujeitos a juramento de consagrar a sua vida ao serviço de Deus, defender a fé cristã e os lugares santos e combater os seus inimigos, fazendo votos de pobreza, obediência e castidade.

A iniciação dos Templários era efectuada com uma cerimónia religiosa e realizada por um dos padres da ordem.

Os Templários viviam de um modo simples, andavam negligentemente vestidos com a cara queimada do sol, não tinham mulher, filhos e bens próprios. Sempre unidos, quando não se encontravam em campanha contra os infiéis, mantinham-se juntos, reparavam vestes, armas ou ocupavam-se me exercícios piedosos, nunca se dedicando a jogos e/ou caça.

A regra Templária, escrita por São Bernardo: Um cavaleiro templário é verdadeiramente um cavaleiro destemido e seguro de todos os lados, para sua alma, é protegida pela armadura da fé, assim como seu corpo está protegido pela armadura de aço. Ele é, portanto, duplamente armado e sem ter a necessidade de medos de demónios e nem de homens.

A divisa da Ordem dos Templários, extraída do livro dos Salmos: “Non nobis Domine, non nobis, sed nomini tuo ad gloriam” (Salmo 115:1 – Vulgata Latina) que significa “Não a nós, Senhor, não a nós, mas pela Glória de teu nome“.

Os Templários tinham um plano de governo mundial, através de uma federação de Estados autónomos, sob uma direcção suprema bipartida, uma espiritual, assegurada pelo Papa, a outra de carácter político. Este plano far-se-ia sobre a reconciliação e a cooperação das três religiões monoteístas herdeiras da tradição bíblica: cristãos, muçulmanos e judeus.

Os Templários, enquanto ordem simultaneamente militar e monástica, activa e contemplativa, tiveram um importante papel na criação de um clima de respeito pela erudição e espiritualidade da cultura islâmica, tanto na Europa como na Terra Santa. Eles perceberam o terreno comum que havia entre as camadas mais profundas das civilizações cristã e muçulmana.

Os Templários imbatíveis em combate, admirados e reconhecidos, recebiam inúmeras doações em dinheiro, terras ou propriedades, de nobres e soberanos que, guiados pelo misticismo da época, acreditavam que com esse acto expiariam seus pecados e ganhariam a salvação no Reino dos Céus.

No final do século XIII os Templários com uma influência extrema na Europa, a nível político, económico e social, possuíam riquezas enormes (castelos, terrenos, moinhos, aldeias e outros bens faziam parte da Ordem) e uma grande frota de barcos. Os cavaleiros, excelentes e temidos guerreiros, eram também exímios navegadores. Com as posses que tinham, influência e domínio, estando isentos de impostos, sabiam como fazer render o seu património, arrendando propriedades e terras, o que gerava ainda mais dinheiro.

Em 1291, com a queda de Jerusalém, dá-se início ao fim dos Templários. Na época Filipe IV, rei de França, com enormes problemas económicos aumentou substancialmente a cobrança de impostos, provocando o descontentamento do povo. Por sua vez os Templários com um poder de compra enorme, enriqueciam mercadores e artífices cristãos e judeus, e em cujas terras férteis empregavam braços de muitas famílias rurais, o que fez com que o povo nutrice admiração crescente pela Ordem.

Nesse mesmo período, Filipe IV conflituou-se com o Papa Bonifácio VIII, decidiu excomungá-lo e por sua iniciativa decretou em 1302 que a Coroa francesa não lhe reconhecia a autoridade. Este foi sucedido por Bento XI que faleceu em 1304. De seguida o trono papal foi ocupado por Clemente V com o apoio do rei de Filipe IV.

Os Templários tinham apoiado o Papa Bonifácio VIII, atitude que não era do agrado de Filipe IV. A par de tal descontentamento, face à enorme dívida que a coroa francesa tinha para com a Ordem dos Templários, com um prazo curto para pagamento e desejo de se apoderar das suas riquezas, aproveitou-se de lendas sobre a cerimónia de iniciação dos seus membros e seus rituais, para exterminar a Ordem que reunindo com o Bispo de Bolonha e concertando uma cláusula secreta que seria imposta a Clemente V.

Com tal iniciativa os Templários foram acusados de numerosos crimes: lesa-majestade, usura, heresia, costumes depravados etc.

Na madrugada de 13 de Outubro de 1307 Jacques DeMolay, juntamente com outros cavaleiros Templários foi capturado e preso pelo chefe real Guilherme de Nogaret. A partir dessa data, os Templários começaram a ser extintos, com ordem para serem capturados e julgados (e condenados). As posses dos Templários foram confiscadas pelo tesouro francês e os castelos, propriedades e armas localizadas fora da França foram anexadas aos Cavaleiros Hospitalários.

Em 22 de Março de 1312 a Ordem foi oficialmente extinta pelo Papa Clemente V e mais tarde em 18 de Março de 1314, Jacques de Molay, o último Grão-Mestre Templário, conjuntamente com Godofredo de Charney, preceptor da Normandia, foram mortos publicamente na fogueira no pelourinho diante a Catedral de Notre Dame. Jacques De Molay ao ser queimado voltou a cabeça em direcção ao local onde se encontrava o rei e praguejou:

Papa Clemente, Cavaleiro Guilherme de Nogaret, rei Filipe… Convoco-os ao tribunal dos céus antes que termine o ano, para que recebam vosso justo castigo. Malditos, malditos, malditos!… Sereis malditos até treze gerações…”.

Após um ano todos estavam mortos.

O pós extinção da Ordem dos Templários: Clandestinidade e Presença Ocidental

O destino da Ordem dos Templários após a sua extinção será sempre um mistério e objecto de discussão.

Consta que com a exterminação da Ordem dos Templários, foram criadas outras Ordens que procuraram, secretamente, na clandestinidade, de forma dissimulada, guardar os segredos iniciáticos e parte substancial das riquezas.

Os caminhos mais conhecidos foram:

  • Portugal: o rei Dom Dinis não aceitou as acusações atribuídas aos Templários e fundou a Ordem Militar de Nosso Senhor Jesus Cristo, conhecida como Ordem de Cristo, para a qual transferiu os cavaleiros e os bens dos Templários;
  • Espanha: o Concílio de Salamanca, declara unanimemente que os acusados são inocentes e funda a Ordem de Montesa, uma ordem militar cristã, limitada territorialmente ao Reino de Aragão;
  • Inglaterra: proclama a inocência da Ordem;
  • Escócia: O rei escocês, Robert the Bruce, era especialmente benevolente para com os Templários e nunca os dissolveu. A sua atitude/decisão foi-lhe vantajosa na medida que necessitava de cavaleiros hábeis para as suas campanhas contra a Inglaterra, contando desta forma com o apoio dos Templários;
  • Alemanha e Itália: os Cavaleiros permaneceram livres, embora existam registos que se terão juntado a outras Ordens — os Hospitalários ou os Cavaleiros Teutónicos na Alemanha.

Em Inglaterra, Escócia e Irlanda, e nas demais partes da Europa, muitos Templários continuaram a viver e trabalhar exactamente como faziam antes, distribuindo-se entre a Ordem dos Hospitalários, mosteiros e abadias.

Os Templários e a Maçonaria

Uma das teorias sobre a origem da Maçonaria sustenta que esta descende dos ex-Cavaleiros Templários do final do século XIV, que após a extinção da Ordem terão se estabelecido na Escócia, em Portugal e pelo mundo, em especial na Europa, onde a supressão dos Templários não foi cumprida, tendo surgido muitas fraternidades secretas e semi-secretas que admiravam os Templários como magos e iniciados místicos.

No entanto importa ter presente que entre a dissolução dos Templários e a fundação da Grande Loja de Londres decorreram mais de 400 anos (1312-1717).

Conforme anteriormente expresso, muitos Templários sobreviveram à extinção da Ordem e ao massacre promovido por Filipe IV de França e pelo Papa Clemente II, sendo que de acordo com apontamentos históricos, alguns terão ingressado nas antigas ordens de construtores da Maçonaria operativa, influenciado desta forma a sua ritualista e trazendo para esta o conhecimento, as práticas, os rituais e símbolos templários no que se refere à componente oculta.

Após a extinção oficial da Ordem, diversos cavaleiros foram acolhidos com grande hospitalidade por canteiros escoceses tendo estes começado a ensinar as virtudes da cavalaria e da obediência, usando as ferramentas dos construtores como uma metáfora, e, eventualmente, começaram a receber “maçons especulativos” (homens de outras profissões), a fim de garantir a manutenção da Ordem. Deste modo, a Ordem terá existido em segredo até a formação da Grande Loja Unida da Inglaterra, em 1717.

Surge desta forma o Cavaleiro Kadosch, o qual era, naquele momento histórico, um vingador do assassinato de Jacques De Molay, último Grão-Mestre da Ordem do Templo. A partir de 1797 tal grau da maçonaria, dos altos graus do Rito Escocês Antigo e Aceite (R:. E:. A:. A:.), foi modificado, passando este a interpretar tal lenda de maneira simbólica e com um carácter eminentemente filosófico, não sendo o terrível vingador das vítimas da Ordem do Templo, mas sim um homem íntegro, justo e bom, que serve a pátria e acata suas leis.

Consta que actualmente, nos altos graus maçónicos do Rito Escocês Antigo e Aceite (R.E.A.A.), especificamente entre os graus 15 e 30 são diversas as características associadas aos Templários e ao Templo de Salomão:

  • os graus 16 e 17 denominam- se respectivamente “Príncipe de Jerusalém” e “Cavaleiro do Oriente e do Ocidente”;
  • o grau 27 é o grau do “Grande Comendador do Templo ou Soberano Comendador do Templo de Salomão”, que ressalta a autoridade suprema do Mestre sobre a Ordem Templária; e,
  • o grau 30, intitulado “Cavaleiro Kadosch”, também designado como “Grande Eleito Cavaleiro Kadosh ou Cavaleiro da Águia Branca e Negra” traduz a vingança do Templo contra a coroa francesa e o papado, responsáveis pelo desaparecimento da Ordem.

Há quem expresse que a capela Rosslyn, próxima de Edimburgo, na Escócia é uma prova incontestável da ligação entre Cavaleiros Templários e Maçonaria, local onde se encontram diversos símbolos de ambas. A capela foi construída em 1447, 100 anos após a supressão dos Templários, por William Sinclair, presumidamente Templário e ligado à Maçonaria escocesa, com fundações idênticas às do Templo de Salomão.

Templários Mitos e a Realidade

Consta que os Templários no início da Ordem, quando instalados nas ruínas do templo de Salomão, terão encontrado um tesouro incalculável composto por documentos e objectos preciosos, contendo também os diversos segredos de construção e arquitectura (gótica), segredos de navegação, as tábuas da lei, a arca da aliança e o Santo Graal (cálice sagrado dos cristãos, cálice com o sangue de Cristo), o que lhes terá concedido um enorme poder.

Consta que os achados encontrados terão sido levados para a Europa, e em troca do tesouro conquistado, o Papa Inocêncio II ter-lhes-á atribuído poderes sem limites.

Com a extinção dos Templários o Rei Filipe IV tentou apoderar-se dos tesouros da Ordem, mas estes desaparecem misteriosamente, existindo referências históricas que os mesmos terão sido levados para Portugal, Inglaterra e Escócia.

É ainda atribuído aos Templários:

  • a construção de uma frota de navios que cruzou os oceanos;
  • a criação pioneira do sistema bancário internacional, por via da disponibilização de três serviços por contrapartida do pagamento de uma pequena taxa/juros:
  • guarda dos bens de reis, nobres e comerciante nas suas terras com castelos fortes e com excelente segurança;
  • carta de crédito para comerciantes e peregrinos, os quais trocavam dinheiro por uma carta de crédito nominal (feita com um código complexo e secreto) que podia ser trocada pelo mesmo valor em dinheiro em qualquer lugar onde os Templários estivessem;
  • empréstimos de ouro.

Os Templários tiveram na fundação da nacionalidade Portuguesa, na Península Ibérica, em especial em Portugal, na conquista do território pelos Cristãos aos Mouros uma presença e acção assinaláveis.

Em outros territórios europeus, como sejam em França e Inglaterra, decorrente da inexistência de conflitos de natureza religiosa, a Ordem dedicou-se à actividade financeira e à rentabilização do seu património, actividade que gerou antipatias e inveja por parte dos grandes senhores feudais e reis para com os Templários. A igreja proibia os cristãos de exercer a actividade financeira, no entanto a Ordem dos Templários contornava tais disposições e foi banqueira do Papa, de reis, de príncipes e de particulares.

Na Península Ibérica os Templários foram bastante beneméritos, o que fez com que tivessem benefícios importantes concedidos pelos reis, como por exemplo, para além da isenção de impostos, doações de territórios, alguns deles situados junto às fronteiras em zonas de combate entre os cristãos e os mouros.

Os Templários chegaram ao Condado Portucalense em data anterior a 1126, ainda na época de Teresa de Leão, condensa de Portugal e mãe de Dom Afonso Henriques, governando como rainha e com o objectivo de obter o seu apoio na conquista de terras aos Mouros, doou-lhes a vila de Fonte Arcada, actual concelho de Penafiel, e o Castelo de Soure, na linha do rio Mondego.

Dom Afonso Henriques, Afonso I, o primeiro rei de Portugal, cujo reinado durou de 1139 a 1185, na sua Cruzada Ibérica para expulsar os mouros da Península e alargar o território, também teve o apoio dos Templários e do seu mestre Gualdim Pais, tendo-lhes doado o Castelo de Longroiva (1145), na linha do rio Côa. Existem relatos sobre a presença dos Templários em Portugal, que referem que Dom Afonso Henriques terá também sido um cavaleiro Templário, facto corroborado pela escolha da Cruz de Cristo como símbolo do escudo de armas que se imortalizou na bandeira portuguesa, tendo sido Portugal uma ponta de lança contra o Islão ao mesmo tempo que um espaço exemplar de um país missionado.

Em 1147, após a conquista de Santarém, os Templários ficaram com a responsabilidade da defesa do território entre o rio Mondego e o rio Tejo, a montante de Santarém. Em 1160, a ordem estabeleceu a sua sede no país em Tomar.

Com a acção do Papa Clemente V em 1308, em que foi transmitido aos monarcas cristãos da abertura de um processo contra os Templários, o qual veio a resultar em 1312 com a extinção oficial da Ordem, Dinis I de Portugal (reinado 1279 a 1325), a partir de 1310 procurou evitar a transferência do património da Ordem no país e em 15 de Março de 1319, conseguiu obter do Papa João XXII a aprovação da constituição da Ordem dos Cavaleiros de Nosso Senhor Jesus Cristo, vulgo designada por Ordem dos Cavaleiros de Cristo ou Ordem de Cristo, uma ordem religiosa e militar, à qual foram atribuídos os bens e privilégios da extinta Ordem dos Templários em Portugal.

Em Maio de 1319, o rei Dom Dinis ratificou, em Santarém, a criação da nova Ordem e concedeu-lhes como sede o castelo de Castro Marim. Mais tarde, em 1357 a sede foi instalada em Tomar, anterior sede da Ordem dos Templários.

Em Portugal sob um novo nome a Ordem dos Templários, redenominada por Ordem de Cristo, continuou a sua actividade, dedicando-se às actividades marítimas, explorando novos territórios em África e na Índia. Consta que o infante Dom Henrique, o Navegador, foi Grão-Mestre da Ordem, e diversos exploradores Portugueses também faziam parte desta, como foi o caso de Vasco da Gama e Cristóvão Colombo.

Os Portugueses nas suas explorações navegaram com a famosa cruz dos Templários, ou seja, da Ordem de Cristo, estampada nas velas de fundo branco igual ao manto da Ordem.

Os Cavaleiros de Cristo são representados de uma forma soberana, sobre tudo e todos. Tal como as naus, pois foram elas que auxiliaram os navegadores portugueses nas suas descobertas continentais, razão pela qual todas as caravelas tinham nas suas velas a cruz da Ordem de Cristo.

O carácter de cavaleiros religiosos laicos é definitivamente consagrado em 1779. Em 1834 com a extinção das ordens religiosas masculinas a Ordem de Cristo é extinta, no entanto

Dª Maria II, decide manter a Ordem de Cristo enquanto Ordem Honorifica, estatuto que se mantém até aos dias de hoje.

Templários – O significado da Ordem da Cruz de Cristo

Cruzes usadas pelos Templários (simbolizava a fé, a bravura e a vitória do cristianismo sobre as forças islâmicas.)

A Cruz Templária evoluiu ao longo dos tempos tendo deixado de ser uma cruz vermelha simples para passar a ser uma cruz vermelha redonda.

Cruz da Ordem de Cristo

(Também chamada de cruz de Portugal ou dos Descobrimentos, instituída pelo Rei Dom Dinis, usada na era dos descobrimentos como forma de honrar a Ordem de Cristo, instituição religiosa que contribuía financeiramente para as grandes navegações)

Tomar e os Templários

Em 1147, após a conquista de Santarém, os Templários ficaram responsáveis pela defesa do território entre o rio Mondego e o rio Tejo, a montante de Santarém. Nesse período Dom Afonso I doou à Ordem dos Templários o território de Nabância, que os mouros chamaram Tomah, local que viria a ser mais tarde Tomar e onde a Ordem dos Templários, em 1160, estabeleceu a sua sede em Portugal.

Tomar é considerada em diversos relatos históricos como a mais templária de todas as cidades, a capital oficiosa da Ordem dos Templários, local onde foi construído por estes um castelo imponente e uma das mais importantes igrejas puramente templárias do Mundo (Igreja de Santa Maria dos Olivais).

Os Templários construíram uma estrutura defensiva em torno de Tomar que incluía os castelos da Cardiga, de Bode, de Zêzere, de Almourol e da Sertã, para além de fortificações em Pias e Dornes.

O Convento de Cristo e os Templários

Os Templários construíram igrejas de forma circular, similares à Igreja do Santo Sepulcro de Jerusalém, lugar onde Jesus Cristo morreu, sendo que nas orações e cerimónias litúrgicas, os Templários dispunham-se em circulo, segundo o arquétipo dos cavaleiros da Távola Redonda, buscadores do Graal.

Na generalidade das edificações construídas pelos Templários existe um ou mais sinais de natureza esotérica com conteúdo e finalidade que não observáveis e entendíveis sem uma cuidada contemplação e meditação.

Em Portugal os Templários construíram 7 castelos, com igrejas circulares e octogonais: Almourol, Idanha, Monsanto, Pombal, Zêzere, Cêra, Castro-Marim e Tomar.

Em Tomar os Templários construíram três igrejas com simbolismo em torno da sua crença e veneração, igreja de Santa Maria dos Olivais, igreja de São João Baptista e igreja de Santa Maria Madalena (destruída em 1840).

O castelo de Tomar foi o protótipo das construções octogonais portuguesas com 8 arcos. Tem uma parte exterior circular que termina em torre de vigia.

O complexo dos Templários constituído pelo Convento de Cristo e pelo Castelo de Tomar inclui a mata dos Sete Montes.

Do Convento de Cristo, pela sua simbologia e natureza, destacam-se os seguintes espaços:

  • Castelo: com alambores/taludes, onde assentam as muralhas, característico da arquitectura Templária, com muralhas, com ameias, com a seteira Templária em forma de cruz;
  • Charola: em forma de circulo, corresponde ao altar central, da mesa ou da távola, em redor do qual se alinhavam os cavaleiros, em cerimónias iniciáticas, trazidas pelos Templários e aprendidas com os cristãos da Síria e os ortodoxos. A charola alude à morte e ressurreição de Jesus: estão ali representados os instrumentos da paixão e, na nave manuelina, a ressurreição. A representação pictórica apresenta-nos cenas e imagens ligadas à vida de Cristo. No tambor central, uma coroa de espinhos esculpida circunda o anagrama de Cristo. A charola reflecte a memória da igreja do Santo Sepulcro de Jerusalém
  • Efigie da cabeça de São João Baptista: localizada num dos capitéis sobre uma das fendas entre colunas da Charola. São João Baptista, protector guia espiritual dos Templários, terá sido o seu mentor do cristianismo, sendo considerado crenças espirituais dos Templários e venerado nas suas preces;
  • Igreja do Convento de Cristo: na abóbada do coro, no teto do corpo da igreja, encontramos a Rosa e a Cruz / mística rosa-cruz Templária;
  • Adega: espaço que se associa a um lugar de iniciação, sendo que para acesso ao mesmo é necessário descer sete degraus, número mítico, símbolo da perfeição, degraus fora da proporção, que vão aumentando de altura de baixo para cima. O espaço é decorado no tecto com símbolos relacionados com a figura da mãe de Jesus: rosas e conchas, decoração que se repete na cozinha, destacando-se no tecto uma mística Rosa Cruz Templária;
  • Cozinha: lugar simples, onde encontramos na sua decoração flores, cálices, cruzes… símbolos que visavam exprimir conceitos, com o objectivo dos monges recordarem de forma constante as razões da sua vida naquele lugar;
  • Janela do capítulo: com quatro metros de altura, contruída na nave que Dom Manuel mandou fazer para ampliar a igreja templária, depois do descobrimento do caminho marítimo para a Índia, mais tarde relocalizada, expressa uma profusão de símbolos. A coluna, cujo fuste faz a analogia ao tronco da árvore, remete para a simbologia bíblica da profecia do livro de Isaías, que no cristianismo é lida como antecipação do nascimento de Cristo: “Brotará um rebento do tronco de Jessé”. Mas também ali se representam as armas dos reis portugueses (há uma fivela de cinto, como sinal da entronização real) e elementos de flora, de onde sobressaem as alcachofras (símbolo do renascimento, devido ao seu ciclo de vida) e os ramos de vime. Actualmente encontramos uma outra janela bastante semelhante no convento, sendo que inicialmente havia três: uma a Ocidente (a actual) e duas a Sul, uma das quais foi entaipada. A que está visível encontra-se junto da charola, num dos corredores da casa do capítulo.
  • Capela do Cruzeiro e o alquimista: localizada na parte central do convento, na confluência dos três corredores que constituem o dormitório grande, tem uma abóbada com 91 caixotões decorados com temas tardo-renascentistas e no altar, estrategicamente localizada e de apreensão difícil ao olhar comum, encontramos uma figura coroada de longas barbas emergindo de labaredas e ostentando gloriosamente o globo-mundi numa mão com a outra abençoando. A figura em apreço é identificada como o Alquimista, o Philosophus per Ignius, o “Filósofo do Fogo”, representação que tem presente que tal como o Supremo Demiurgo criou o Macrocosmos ou Universo a partir do Fogo Original, também ele cria com o Fogo da Razão e da Fé o Microcosmos ou Mundo, por ele mesmo possuir o Segredo de Maria ou a Rosa nascida da Retorta, que é dizer, a própria Pedra Filosofal, a Rosa dos Sábios, a Rosa Mística símbolo maior do Homem Realizado, o Iluminado, o Filho de Maria feito Homem de Cristo, Ser Crístico, ele na alegoria escultórica de braços erectos (a cruz) elevando o globo (a rosa).
  • Hermes Trismegisto: no fecho de abobada da zona do refeitório dos frades, encontramos uma curiosa representação, que simboliza, de entre muitas coisas, o hermético, o conhecimento que não está ao nosso alcance – as três caras, o conhecimento interno da natureza. A palavra hermetismo que provém de Hermes, tem presente algo fechado, reservado aos iniciados. Sendo Hermes fundador da alquimia, a sua representação poderá significar que esta arte seria praticada no convento. A figura de Hermes Trismegisto é indicada como representando Baphomet, uma personagem a qual, de forma errada, por vezes é identificada como associada ao diabo. A palavra Baphomet provém do grego Bafe e Metis que, significa “iniciação na sabedoria”, pelo que a sua presença tem um sentido mais amplo… a fazer fé pela forma como este símbolo é representado.
  • Porta da Micha: o candidato iniciado/postulante a entrar no Convento de Cristo apresentava-se junto a esta porta. A “Micha” era uma pequena broa de pão dada aos pedintes que vinham pedir esmola. Na travessa superior da porta identificamos “8” baixos relevos gravados, um anjo e “7” rosas símbolos da Rosa Cruz, símbolos esotéricos que tinham de ser apreendidos pelo iniciado e reflectiam os votos de pobreza, humildade para servir a Ordem. Após atravessarem a porta, acompanhados por três Cavaleiros dirigiam-se pelo Claustro da Micha até à cozinha do Convento, por onde o noviço iria passar por outras fases de iniciação;
  • Claustro da Micha: identificam-se duas colunas gregas que o iniciado transpunha ao passar a porta para entrar no claustro;
  • Igreja de Santa Maria dos Olivais: localizada na cidade de Tomar, era a igreja conventual e complementar à Charola, panteão da Ordem do Templo, onde os Templários eram armados cavaleiros. A fachada tem um corpo central de empena triangular com uma rosácea. No ornamento sobre a porta principal encontramos uma grande estrela de cinco pontas, símbolo associado a sinais mágicos e à maçonaria. Entre a rosácea e a estrela carcomida de “Salomão”, encontramos um “T” o que marcava as obras templárias, que significava “Fundação” ou “Iniciação”. Nesta igreja encontramos ainda uma lápide no chão junto à capela lateral, onde está o túmulo de Gualdim Pais, com o “8” esculpido em duas perspectivas, representando o sinal do infinito;
  • Igreja de São João Baptista: também localizada na cidade de Tomar, possui uma torre lateral, a qual é composta por uma base quadrangular, representando os quatro elementos (terra, água, ar e fogo) e sobre esta temos um prisma e uma pirâmide octogonal, representando o “8”, expressando a ligação ao “além”, ao infinito, ao sobrenatural. Lenda ou mito, existem relatos que indiciam a existência de subterrâneos que ligam a igreja de Santa Maria dos Olivais ao Convento de Cristo e ao rio Nabão.

Reflexão Final

Os Templários surgiram como Ordem militar de guerra santa em Jerusalém, tendo uma ascensão bastante rápida no poder e influência que rapidamente se estendeu para além daquelas fronteiras, em especial no continente Europeu, tendo marcado claramente o rumo da história. Acumularam uma fortuna incalculável, recebendo doações de terras, castelos e outros bens.

Em Portugal o seu papel foi fulcral na conquista de território aos Mouros.

Formalmente, apenas existiram durante cercar de 200 anos, mas tudo indicia que após a sua dissolução/extinção oficial, com o apoio de diversos reis europeus, com novas designações ou na clandestinidade, em diversos territórios, a sua acção ter-se-á estendido largamente no tempo.

A ligação dos Templários com a maçonaria está bastante associada ao ritual e às tradições, todavia, não existindo evidências que sustentem tal fundamento, será sempre uma incógnita e/ou uma crença em tal associação.

 

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